Imagine um criminoso que vive entre nós, trabalha, tem família, conversa normalmente — e, ao mesmo tempo, é capaz de cometer um dos atos mais brutais que existem. O estuprador não tem uma “cara” definida. Mas a ciência já conseguiu traçar alguns padrões psicológicos e comportamentais que se repetem entre eles. E entender esses traços é essencial para prevenir, investigar e combater esse tipo de crime.
O que a psicologia forense descobriu?
Segundo a especialista Ilana Casoy, autora de livros sobre perfis criminais e colaboradora em investigações de casos famosos no Brasil, estupradores costumam apresentar três características marcantes:
- Desprezo pela condição humana da vítima: eles não enxergam o outro como um ser com sentimentos, direitos ou dignidade.
- Capacidade de usar violência extrema: não hesitam em machucar, humilhar ou destruir psicologicamente suas vítimas.
- Reincidência: o estupro é um crime de repetição. Muitos voltam a atacar, mesmo após serem identificados.
🧬 Os 12 traços em comum
Um estudo publicado pelo site MaestroVirtuale reuniu 12 traços psicológicos recorrentes entre estupradores:
- Falta de empatia: não conseguem se colocar no lugar da vítima.
- Comportamento manipulador: usam estratégias para controlar e dominar.
- Agressividade: explosões de raiva e violência física.
- Culpa projetada: responsabilizam a vítima pelo crime.
- Impulsividade: agem sem pensar nas consequências.
- Baixa autoestima: usam a violência como compensação.
- Necessidade de poder: o estupro é mais sobre controle do que sobre sexo.
- Desrespeito por normas sociais: ignoram leis e limites morais.
- Histórico de violência: muitos já cometeram outros crimes.
- Dificuldade de manter relacionamentos saudáveis.
- Fascínio por dominação: prazer em subjugar o outro.
- Negação do crime: mesmo diante de provas, muitos não admitem.
Estudo brasileiro sobre o trauma das vítimas
Na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o Programa de Pesquisa e Atenção à Violência e ao Estresse Pós-traumático (Prove) investigou os efeitos do estupro em 117 mulheres e adolescentes. O resultado foi chocante:
- Quase todas desenvolveram transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
- Muitas apresentaram inflamação crônica que acelera o envelhecimento celular.
- A depressão não era uma comorbidade, mas parte do próprio trauma.
Estupradores não são monstros de filme — são pessoas reais
O mais assustador? Muitos estupradores convivem normalmente em sociedade. São colegas de trabalho, vizinhos, parentes. Não têm “cara de criminoso”. E é justamente essa camuflagem que os torna perigosos. Eles escolhem locais seguros, planejam o ataque e, muitas vezes, não se arrependem.
Conhecer o perfil psicológico do estuprador ajuda a:
- Investigar crimes com mais precisão.
- Criar políticas públicas de prevenção.
- Desenvolver programas de reabilitação e monitoramento.
Mas, acima de tudo, ajuda a desmistificar o estuprador como um ser “fora da sociedade”. Ele está dentro dela. E só com informação, educação e justiça é possível enfrentá-lo.


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