"Você bate p..?" O que está por trás do conselho inusitado de Mark Hanna na cena icônica de "O Lobo de Wall Street"

No filme O Lobo de Wall Street (2013), uma das cenas mais memoráveis envolve o personagem de Matthew McConaughey, Mark Hanna, dando conselhos inusitados ao jovem corretor Jordan Belfort, interpretado por Leonardo DiCaprio. 

Em meio a um almoço luxuoso, Hanna sugere que, para sobreviver ao estresse implacável do mundo das finanças, é necessário relaxar – e uma das formas indicadas por ele é se masturbar "pelo menos duas vezes por dia". A cena pode parecer absurda ou cômica à primeira vista, mas será que existe alguma base científica para essa prática como uma estratégia de relaxamento?

Bem, vamos contextualizar: No universo de excessos, hedonismo e decadência de Wall Street retratado no filme, Hanna promove uma filosofia de vida voltada para indulgência e gratificação imediata. Ele defende o uso de drogas, álcool e a masturbação como formas de aliviar o estresse do competitivo e volátil mercado financeiro. 

Embora o filme seja uma sátira sobre os excessos da vida no mundo corporativo, essa sugestão provocativa de Hanna sobre a masturbação levanta questões mais profundas: a masturbação realmente pode ajudar no controle do estresse? Há comprovação científica por trás desse hábito?

O que a Ciência diz?

Segundo estudos científicos, a masturbação pode, de fato, trazer uma série de benefícios fisiológicos e psicológicos. Um dos principais argumentos em favor da prática está relacionado à liberação de hormônios que induzem o relaxamento. 

Quando uma pessoa se masturba, o cérebro libera endorfinas, dopamina e serotonina – neurotransmissores que estão diretamente ligados à sensação de prazer e bem-estar.

Diversas pesquisas indicam que a masturbação ajuda a reduzir os níveis de cortisol, o hormônio do estresse. A ativação do sistema nervoso parassimpático durante o orgasmo promove um estado de relaxamento profundo, o que pode ser particularmente útil para aqueles que enfrentam rotinas intensas e de alta pressão, como os corretores da Bolsa de Valores.

"A masturbação traz muitos benefícios para a saúde física e mental.", afirma o psicólogo e terapeuta sexual Dr. André Vinicius em seu website. 

"Poucos estudos se concentram especificamente nos benefícios da masturbação, mas pesquisas sugerem que a estimulação sexual, incluindo a estimulação através da masturbação, pode reduzir o estresse, liberar a tensão, melhorar a qualidade do sono, aumentar a concentração, elevar o humor, aliviar cólicas menstruais, aliviar a dor e

melhorar o sexo"

Como citado, outro benefício comprovado é a melhora na qualidade do sono. Após o orgasmo, o corpo libera prolactina, um hormônio associado à sensação de satisfação e relaxamento. Isso explica por que muitas pessoas relatam sentir sonolência após a masturbação, o que pode ser uma vantagem para quem tem dificuldade em relaxar no final do dia.

Para os corretores de Wall Street retratados no filme, que enfrentam pressões intensas e longas horas de trabalho, o conselho de Hanna pode fazer algum sentido, embora seja apresentado de maneira exagerada e cômica.

Além do alívio do estresse, a masturbação também pode proporcionar autoconhecimento. Conhecer o próprio corpo e os próprios desejos é importante não apenas para o bem-estar pessoal, mas também para a saúde sexual de maneira geral. 

A masturbação regular permite que as pessoas compreendam melhor suas necessidades e limites, o que pode ser benéfico tanto individualmente quanto para melhorar as interações com parceiros, explica em website o Dr. Pedro Pinheiro.

O Lado Negativo: Quando o Excesso Se Torna Prejudicial

Embora a masturbação tenha benefícios comprovados, o excesso pode levar a problemas. Quando a prática se torna compulsiva, pode interferir em atividades cotidianas, relacionamentos e até mesmo no desempenho profissional.

"O excesso de masturbação pode se tornar um problema quando começa a interferir negativamente em diferentes áreas da vida da pessoa. Quando a pessoa perde o controle, se masturbando em locais inadequados, como no trabalho, em público, ou prioriza essa atividade a ponto de negligenciar outras responsabilidades, isso pode sinalizar uma dependência." alerta a psicóloga clínica local Clara Mariano. "Do ponto de vista emocional, pode se tornar uma forma de fuga de sentimentos difíceis ou estresse, gerando um ciclo de compulsão e ansiedade. Quando usada como uma válvula de escape, há o risco de prejudicar a autoestima, até a satisfação sexual nos relacionamentos."

Na narrativa do filme, a masturbação, assim como o abuso de substâncias e o comportamento hedonista, é parte do estilo de vida caótico de Wall Street nos anos 1990. A cena é uma crítica exagerada ao consumo desenfreado e à busca por prazer imediato que dominava o comportamento de muitos no setor financeiro.

Enquanto Mark Hanna vê a masturbação como uma ferramenta para manter o foco e relaxar, a ciência oferece uma visão mais equilibrada: embora possa ser uma estratégia de relaxamento saudável, como qualquer comportamento, ela deve ser praticada de forma consciente e equilibrada.

Assim, por trás da cena excêntrica e engraçada, há uma verdade curiosa: relaxar é necessário, e a masturbação pode ser uma forma saudável de alcançar isso, desde que seja parte de um equilíbrio maior.